Câncer é a principal causa de morte por doenças em Piracicaba, aponta estudo
10/11/2025
(Foto: Reprodução) Santa Casa de Piracicaba
Claudia Assencio/g1
Um levantamento do Observatório de Oncologia apontou que o câncer se tornou a principal causa de morte por doenças em Piracicaba (SP). O estudo mostrou que, em 2023, o câncer foi responsável por 21% das mortes por doenças na cidade.
André Moraes, médico oncologista da Santa Casa de Piracicaba, o cenário é resultado do aumento da expectativa de vida e da maior quantia de centros de referências que tratam pacientes com câncer nas regiões Sul e Sudeste.
“O número de diagnósticos de câncer tende a aumentar no mundo inteiro, porque a longevidade é maior”, afirma o oncologista André Moraes.
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Cenário nacional
No total, 670 cidades brasileiras tiveram o câncer como principal causa de morte por doenças em 2023. Foi um aumento de 29,8% em relação a 2015. Veja abaixo:
2023 – 670
2020 – 606
2015 – 516
Só no estado de São Paulo, 68 municípios estão nessa situação.
De acordo com o levantamento, 76% das cidades com esse perfil estão nas regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do país. Nessas localidades, as mortes por câncer têm substituído as doenças cardiovasculares como principal causa de óbito.
Paciente com câncer de mama submetida a teste com técnica chamada crioablação Hospital de Amor Barretos
Reprodução/EPTV
Crescimento
Entre 1998 e 2023, as mortes por câncer aumentaram 120%, enquanto os óbitos por doenças cardiovasculares cresceram 51%. Isso significa que a mortalidade por neoplasias cresce 2,3 vezes mais rápido do que as doenças do aparelho circulatório.
O estudo mostrou que 76% das mortes por câncer em São Paulo são de pessoas com 60 anos ou mais, e mais da metade dos pacientes eram homens. Os tipos mais letais são os de pulmão, mama, cólon e pâncreas.
“O câncer de pulmão, apesar dele não ser a maior incidência, ou seja, para ele não ser o maior número de casos, ele é o mais letal. Ele não tem um rastreamento como o câncer de mama, por exemplo, e quando ele dá um sinal já está no estado muito avançado”, afirma Nina Melo, coordenadora de pesquisa do Observatório de Oncologia.
Segundo especialistas, o envelhecimento da população, o controle de outras doenças, e o aumento de fatores de risco como tabagismo, obesidade e sedentarismo estão entre as principais causas do avanço da doença.
Tabagismo
Freepik
Apoio aos pacientes
Em Piracicaba, o Centro de Apoio e Prevenção ao Câncer e Doenças Degenerativas (Ceacan) oferece acolhimento a pacientes encaminhados pelos hospitais e unidades de saúde. O local oferece suporte emocional, social e orientações sobre o tratamento.
“A gente cuida do paciente, mas principalmente da família. Muitas vezes, a família fica mais doente do que o paciente, porque não sabe por onde começar”, explica o coordenador Fernando Silva.
Histórias que refletem o impacto
A aposentada Célia Canetto Bertazzoni viveu de perto o impacto da doença. O marido dela, Pedro, morreu em abril deste ano, aos 76 anos, vítima de um câncer na garganta.
“Descobrimos atraves da voz dele, que começou a ficar muito rouca. Foram oito biópsias até receber o diagnóstico de câncer. Ele fez radioterapia durante muitos anos, chegou a receber alta, mas depois a doença tomou conta do corpo inteiro. Ele me deixou dois filhos e três netos lindos. É disso que tiro forças para sobreviver”, conta Célia.
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